SOBRE SUICÍDIO - Se você perdeu alguém para o suicídio

Conhecimento profundo e atualizado à sua disposição

Se você está lendo essa página, talvez seja porque alguém querido se matou… E nós sentimos muito!

Sabemos o quanto a dor do suicídio é devastadora, além de deixar para trás muitos dúvidas e questões sem respostas e que parecem não terminar nunca.. O famoso “E se eu tivesse…” vem à tona e um misto de descrença, dor, raiva e culpa que pode causar confusão. É como se um tsunami invadisse a vida daqueles que ficam, tirando tudo do lugar e mudando tudo que era antes.

É importante que você saiba que a pessoa não se matou por sua causa ou por algo que eventualmente tenha feito, falado ou deixado de fazer. O suicídio tem muitas causas (leia O suicídio e sua prevenção, que fala um pouco sobre esse fenômeno trágico e violento).

Nada é igual, existe uma vida antes e uma vida depois do suicídio.

Muitas vezes, em vez de receber simpatia e compaixão dos outros, recebe julgamentos, culpa, exclusão e impaciência.

Você pode estar sentindo insônia, agitação, fadiga, dificuldades para lembrar das coisas, tonturas, palpitações, tremores, fraqueza, boca seca, perda ou aumento do apetite. Além disso, você pode ter dificuldades em se concentrar, questionar a morte e o sentido da vida.

Você pode querer se isolar, tentar desesperadamente saber o motivo pelo qual a pessoa se matou ou buscar um culpado para o que aconteceu, começar a ter problemas com seu companheiro(a) e filhos, não querer mais ir à escola ou ao trabalho, aumentar o consumo de álcool e/ou drogas, sentir-se abandonado… E isso faz parte da maneira como está reagindo ao impacto do suicídio, pois tudo o que descrevemos faz parte desse processo.

Não existe tempo mínimo, certo ou máximo do luto ser vivido, mas a dor e o impacto que ele tem na sua vida e na vida dos que estão a sua volta pode ser diferente.

A duração e a intensidade do que está acontecendo com você é que dirão se precisará ou não de ajuda profissional.

Não hesite em procurar ajuda!

No Instituto Vita Alere, oferecemos um Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio, em funcionamento desde 2013. Este grupo proporciona um espaço seguro para compartilhar suas experiências com pessoas que entenderão o que você está passando. 

Para mais informações, visite nossa página GRUPOS DE SOBREVIVENTES.

Documentário laços e nós

Luto por suicídio é diferente?

Mãe solo em decorrência de um suicídio

Suicídio é falta de Deus?

Como ajudar alguém em luto em suicídio?

Crianças e adolescentes tendem a demonstrar o luto de formas diferentes dos adultos. 

O que pode ajudar as crianças e adolescentes
  • Peça ajuda a amigos ou parentes para ter um tempo para vivenciar seu luto.
  • Crianças podem se preocupar que o outro adulto o deixará também. É importante tranquilizá-las sobre esse assunto, comunicar ao sair, assegurando-as quando voltará.
  • Não é necessário esconder o luto das crianças. Elas perceberão que é natural chorar e expressar como se sentem.
  • Incentive-as a falar sobre seus medos e preocupações. Deixe-as chorar. Não apresse o luto delas.
  • Não esconda a tristeza delas, pois podem pensar que você não se importava com a pessoa que morreu.
  • É importante deixar as crianças saberem que elas não têm de lamentar o tempo todo. Elas podem brincar e jogar.
  • Crianças podem se sentir muito irritadas depois de um suicídio. Atividades físicas, como chutar bola, correr, rasgar revistas, podem ajudá-las a canalizar a raiva.
  • Outras sugestões para se fazer com a criança: “caixa de memória” ou página de recados, contendo fotografias, desenhos, cartas, poemas, histórias e lembranças da pessoa morta.
  • Tranquilize a criança de que o que sente não sentirá para sempre. Pode demorar um tempo, mas ela vai se sentir melhor e sempre será amada e cuidada.
  • Ao falar sobre a morte, encoraje perguntas, compartilhe sentimentos e conforte a criança.
  • Se a criança estiver com muitos problemas de enfrentamento, encaminhe-a para um profissional.

Os direitos dos sobreviventes do suicídio

   
  • Enlutar-se a seu modo e conforme o tempo que for necessário.
  • Saber a verdade sobre o suicídio, ver o corpo do falecido e organizar o velório, considerando suas necessidades, ideias e rituais.
  • Considerar o suicídio como resultante de causas inter-relacionadas que provocaram uma dor insuportável na pessoa que morreu por suicídio: o suicídio não foi meramente uma escolha.
  • Viver plenamente, com alegria e tristeza, livre do estigma ou julgamento.
  • Respeitar sua privacidade e a do morto.
  • Receber apoio de parentes, amigos, colegas e outros sobreviventes, assim como de profissionais habilitados, com o conhecimento e discernimento da dinâmica do processo do luto, dos potenciais fatores de risco e suas consequências.
  • Entrar em contato com o médico ou cuidador (se houve) que acompanhou a pessoa que morreu por suicídio.
  • Não ser considerado como um candidato ao suicídio ou como um doente mental.
  • Compartilhar sua experiência com outros sobreviventes, cuidadores e com todos que buscam a ampliação do conhecimento acerca do suicídio e do luto por suicídio.
  • Não se exigir ser a mesma pessoa de antes: há uma maneira de se viver antes do suicídio e outra depois dele.
  • Não ser considerado ou chamado de sobrevivente, se achar que esse nome não faz sentido para você.
(ANDRIESSEN, 2004, p.3, tradução nossa)

Se você quer ajudar alguém em luto por suicídio

Caso você esteja preocupado e queira ajudar alguém ou alguma família que está passando pelo luto por suicídio, saiba que sua ajuda é de grande valia.

Muitas vezes, o sobrevivente se sente mais isolado do que realmente está, portanto, insista um pouco e veja se ele recebe a sua ajuda.

Existem muitas coisas que podem ser feitas para ajudar. A primeira, e mais importante delas, é estar aberto e disponível para ouvir, estar presente ou fazer coisas do dia a dia.

A segunda é sempre checar com a pessoa e com a família qual o tipo de ajuda ela acredita que precisa no momento e se aceita a sua ajuda.

Outras formas de ajudar:

  • Estar presente, genuinamente, e aparecer. Muitas vezes, apenas a presença de alguém pode ser a ajuda que a pessoa precisa naquele momento.
  • Escutar com atenção. Ouvir as histórias, comentários, ver fotos e escutar histórias daquele que morreu.
  • Deixe a pessoa chorar e expressar seus sentimentos mais profundos e doloridos.
  • Lembrar que, talvez, não falar sobre a pessoa que morreu, geralmente, dói mais do que falar.
  • Não se preocupe em perguntar coisas sobre quem faleceu ou falar o seu nome.
  • Oferecer ajuda prática: fazer compras, comida, pegar as crianças na escola etc.

É importante que você saiba que cada um lida com a morte de alguma forma, dentro de uma mesma família e que, geralmente, existem vários tipos de enfrentamento.

Sugerimos que você leia a pagina SE VOCÊ PERDEU ALGUÉM PARA O SUICÍDIO, pois ela pode te ajudar a entender um pouco mais o que pode estar acontecendo.